Dente Canino (2009), filme grego premiado do diretor Yorgos Lanthimos, foi a obra escolhida para orientar os debates da última edição do Movie PP, que reúne os alunos de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário de Brusque – UNIFEBE para discutir criticamente o cinema, a cultura e a sociedade.
Entre as interpretações possíveis, a trama pode ser definida como uma provocação para quem acredita que o contato com cinema, TV e outras manifestações culturais podem corromper os indivíduos.
A obra narra a história de três jovens adultos, por volta dos 20 anos, que vivem isolados em uma bela residência suburbana, privados de qualquer contato com o mundo exterior. Toda a educação que recebem vem dos pais. Eles ensinam sobre os perigos detrás dos muros, que só poderão atravessar no dia em que caírem seus dentes caninos – o que jamais ocorre.
Parte dessa educação é dedicada a atribuir novos significados a palavras que possam conectá-los com o mundo exterior: para eles, telefone significa sal; mar é uma espécie de poltrona; excursão é um material utilizado para fabricar pisos. O já frágil equilíbrio doméstico desmorona quando uma das filhas do casal entra em contato com dois clássicos do cinema hollywoodiano: Rock e Tubarão.
Durante o debate, os alunos destacaram a necessidade de estabelecer diferentes fluxos de informação acerca do mundo em que vivem. Entre as muitas questões levantadas, o que mais envolveu os estudantes foi a ideia da ilusão de conhecimento.
— Quando consumimos uma única fonte de informação, seja ela a família ou qualquer outra instituição social, corremos o risco de incorporar crenças e visões de mundo unilaterais. O que interfere diretamente nos produtos publicitários. A sociedade é plural, são muitas as culturas possíveis, ainda mais diante do mundo globalizado em que vivemos — explica a professora Carolina Moreira, que contextualizou o conceito de monocultura durante o debate.
O evento foi realizado na noite da última sexta-feira (13), e também abordou o dilema filosófico da segurança versus liberdade, conceituado pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, e atualizado à realidade contemporânea pelo filósofo Zygmunt Bauman. Em nome da segurança, os personagens são privados do direito de ir e vir livremente ou de refletir criticamente acerca da realidade. Para Bauman, segurança sem liberdade é escravidão; liberdade sem segurança significa caos. Segundo ele, a grande questão existencial de todos os tempos consiste na busca eterna pelo equilíbrio perfeito entre essas duas coisas.
Publicado por: Assessoria de Comunicação Social
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