Propostas de parklets, elaborados por quatro grupos de acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIFEBE, foram apresentadas como opções para a frente do bar Duda Belli, no Centro de Brusque. A escolha do local para a instalação do mobiliário urbano, projetada como um prolongamento da calçada sobre uma vaga de estacionamento, foi pelo fluxo de pedestres pelo local e a rotina de uso.
Estruturas do tipo, como comenta a professora Alexssandra da Silva Fidelis, são mais recorrentes em cidades europeias ou, no Brasil, na capital de São Paulo e litoral catarinense, como em Balneário Camboriú e Itajaí. Segundo ela, após análise feita pelos acadêmicos foi constatada uma carência de alternativas de mobiliário urbano, sendo os projetos de parklet, a alternativa adotada. No caso do espaço proposto, a construção e manutenção da área, caso aprovada pelo órgão responsável do município deve ser feita pelo próprio responsável pelo empreendimento.
Um destaque da professora é que a estrutura de mobiliário urbano deve seguir tendo papel de uso público. Características como o uso tradicional do entorno durante a noite, centralidade na cidade e a proximidade com pontos de transporte público influenciaram na escolha do ponto. “Muitas pessoas passam pelo local e, embora fique em frente a um estabelecimento, o equipamento se tornaria um espaço público, para a população. Qualquer cidadão pode sentar e fazer uso dele”, afirma Alexssandra.
Apoio de egressos
O debate proposto sobre o tema também movimentou outros campos da sociedade local. Ele envolveu órgãos como o Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan) e o Instituto de Arquitetos do Brasil, (IAB). O motivo é a falta de uma regulamentação específica para tipo de estrutura. Debate que começou a ser desenvolvida a partir da avaliação e análises feitas para a implantação.
Cada uma das equipes participantes contou com o apoio de um egresso do curso. Para essa edição, as arquitetas Gabriele Kistenmacher, Gabriela Ebele Schaefer, Maiara Verena Leitner Boso e Thaís Rodrigues foram escolhidas como mentoras da atividade. As convidadas se formaram já fazia três a quatro anos e, conforme a professora, conseguem contribuir com a experiência de quem já vivencia profissional.
“Viemos delineando esse projeto mesmo antes deles iniciarem e surgiu essa ideia de ter um aluno-mentor, um aluno egresso, acompanhando todo o processo. Justamente porque ele já esteve na academia, e hoje, atua pode compartilhar suas vivências e experiências no mercado de trabalho”, descreve a professora.
Na avaliação do coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, Marcelius Oliveira de Aguiar, a iniciativa foi uma forma de aproximação com os egressos e uma maneira de os acadêmicos explorarem novos conhecimentos sobre o tema. “Este foi um dos primeiros trabalhos que desenvolvemos nesse segmento”, indica. “Tivemos bons resultados, com o objetivo que foi traçado. Foi bom também para os egressos, nessa oportunidade de ter um novo contato com a instituição”.
Pensado em cada detalhe
A experiência de atuar em contato com uma egressa do curso também foi destacada pela acadêmica Juçara Luzia Henkel. Sem um limite orçamentário estipulado para o projeto, o grupo optou por fazer, não uma, mas duas propostas ao empresário. Ambas as alternativas consideravam a economia como um fator importante, mas não o único. A liberdade permitiu, na visão dela, que o grupo explorasse mais ideias.
Ela classificou a iniciativa como uma experiência única, também pela possibilidade de atender um cliente real. “Nos sentimos, realmente, em um escritório de arquitetura: tudo sendo feito em grupo e discutido”, relata. “Termos um cliente real fez com que sentíssemos a adrenalina de tentar convencê-lo com o nosso projeto. Tentamos dar o nosso melhor e pensar em cada detalhe para que o parklet fosse utilizado da melhor maneira possível”.
A percepção também é reforçada pelo empresário Adalberto Belli Junior, o Duda. Afirmando ter gostado de características de todas as propostas, ele destaca o nível de detalhamento, produção e cuidado que os grupos tiveram ao atender finalidade para o espaço e de necessidades de materiais.
De acordo com Duda, a vontade de ter um espaço de convivência no local já era antiga. Há cerca de um ano, havia buscado informações sobre a possibilidade de instalação de um mobiliário urbano na área, mas não chegou a ter avanços ou projetos relacionados na época. Com o debate gerado pelo projeto, o empresário acredita que a cidade tenha uma oportunidade de conhecer mais e avançar sobre o tema.
Segundo ele, espaços de convivência do tipo possibilitam que a população conviva mais e desenvolva uma nova relação com a cidade. “Para mim, foi um orgulho, um aprendizado, só de fazer parte desse grupo”, indica. “Sempre pensei muito nisso e achei muito interesse, por acreditar que as pessoas conseguem interagir mais. É uma oportunidade para que as pessoas participem mais, estejam mais na rua, olhando o movimento, conversando, batendo um papo sobre qualquer coisa da vida, em um lugar que se sintam à vontade”, resume.