A segunda semana do Executa, o programa de Curricularização da Extensão dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da UNIFEBE, reuniu propostas desenvolvidas por acadêmicos de ambos os cursos para a contenção de encostas na região. As soluções projetadas foram testadas em miniatura, usando solo do tipo Botuverá, pedras, cimento, arame, entre outros materiais, que simulou o comportamento de cada uma em cenário de chuvas.
Entre as soluções, foram testados cortes de taludes, variações de drenagem, como a escada dissipadora, canaletas de drenagem, impermeabilização, concreto projetado, solo grampeado, hidrossemeadura, cobertura vegetal e alternativas de muros, como os de gabião, de gravidade, flexão e solo-cimento ensacado.
As soluções, a sua aplicação e curiosidades sobre cada uma foram compiladas em uma cartilha, que será disponibilizada para Defesa Civil de Brusque e para a comunidade. Um vídeo abordando o tema também foi produzido pelos acadêmicos.
Na abertura da semana, os alunos puderam acompanhar palestras sobre os tipos de solo, com o professor e engenheiro civil, Celso da Silva Mafra Junior; influência da água no solo e impermeabilização de solo, com engenheiro agrônomo, Carlos Alberto Rockenbach. A programação ainda contou como: oficina de modelagem de muros de contenção com software Eberick, ministrada pelo professor Pedro Thiago Venzon; Hidrologia, com o professor Francisco Odisi; uma oficina de maquete, com a professora Alexssandra da Silva Fidelis; e uma aula sobre ideias de edição da cartilha, com a professora Arina Blum.
Na sua primeira participação no Executa, o acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, Henrique Pitz, avalia como positiva a escolha do tema e o planejamento realizado para a atividade. Segundo ele, o modelo adotado para o trabalho ajudou a aproximar os acadêmicos da realidade de pessoas que moram em áreas mais afetadas por eventos climáticos, como enchentes e deslizamentos.
“A imersão da visita técnica aos locais de área de risco foi impactante para todos os acadêmicos, e a combinação de teoria, visita prática, depois propor e executar a solução pratica foi fantástica“, avalia. “A prática mostrou-nos que, cada caso é um caso, cada situação tem uma solução favorável. Para determinadas situações e localizações, a saída mais eficiente é um muro de arrimo; para outra situação, o melhor é um muro de contenção ou um muro de solo-cimento ensacado, é a solução ideal. Aprendemos que não existe solução que mais chame atenção, existe apenas solução ou solução ideal para cada caso”, descreve.
Benefícios mútuos
A possibilidade de ter contato e dedicar estudos aos cenários, que exigem atenção com relação aos riscos de desastres naturais, é indicada como um ponto positivo pelo acadêmico de Engenharia Civil, Luan Sezerino. O estudante afirma que a capacitação dos participantes em iniciativas como o Executa, possibilita a elaboração de projetos mais bem preparados para áreas de risco, o que, ele acredita, refletirá nas construções mais bem adaptadas aos momentos de catástrofe, no futuro.
“Atividades como esta, que força o acadêmico a pesquisar soluções reais para problemas reais, agregam um valor imensurável”, avalia. “É um assunto de extrema importância, visto que estamos sujeitos a desastres naturais constantemente. Então, o conhecimento teórico que obtivemos durante o curso, assim como a prática realizada no Executa, agregam muito valor para conhecer as práticas, métodos e recomendações para desenvolver e executar projetos”.
Experiência e prática
Segundo a coordenadora do curso de Engenharia Civil, professora Vivian Siffert Wildner, a experiência foi válida por unir teoria e prática associadas a uma série de soluções estudas e propostas pelos acadêmicos. De acordo com ela, o trabalho permitiu que eles percebessem os problemas existentes em diferentes pontos das cidades e pensassem em soluções e alternativas para evitar deslizamentos de terra e as suas consequências.
A professora reforça que o projeto segue a parceria estabelecida com a Defesa Civil de Brusque, na busca por alternativas que possam atender ao tema “Prevenção de Desastres Devido a Perigos Geológicos: Soluções para Contenção de Encostas”. Ela exemplifica com os testes realizados com a maquete, exposta em testes a uma simulação de chuva. “Onde foi feito o corte de talude e sem nenhuma proteção com vegetação, houve o deslizamento de terra e, onde foi realizada hidrossemeadura, drenagem, muro de flexão, foi o melhor caso que evitou o deslizamento, protegendo as edificações”, descreve.
Características locais, como o solo, exigem uma atenção especial dos futuros profissionais do setor, ressalta o coordenador de Arquitetura e Urbanismo, professor Marcelius Oliveira de Aguiar. Ele também salienta a diversidade de alternativas exploradas pelos acadêmicos durante a atividade.
“É uma atividade extremante importante, tendo em vista os locais onde os nossos acadêmicos vão projetar. O nosso solo, em Brusque, tem características peculiares e, com base nisso, eles precisam saber que não é, simplesmente cortar o morro que é a melhor solução, fazer uma análise de solo adequada para que aquela edificação tenha uma estabilidade adequada, conforme as normas”, indica. “Eles puderam ver técnicas mais robustas e, também, técnicas com um valor um pouco mais acessível para populações de baixa renda”.