A relação entre o autismo e o vestuário tem sido o tema do projeto desenvolvido pelo curso de Design de Moda da UNIFEBE com os acadêmicos da 2ª fase. Para entender as necessidades e a realidade do público-alvo, a professora Gabriela Poltronieri Lenzi, do componente curricular de Metodologia de Projeto, promoveu um bate-papo entre os alunos, profissionais da área da saúde e autistas.
Na ocasião, a terapeuta ocupacional Carla Vanessa Martins, a psicóloga Rafaela Furtado, os pais de um autista Miriam Regina Silva André e Cleber da Silva André, e os autistas Emanuel João Silva André, Carlos Eduardo Rodrigues e Beatriz Andrini falaram sobre a relação do autista com o uso das roupas e acessórios, desde as dificuldades, preferências, questões como texturas, cores, modelagens, cheiros e até a cor das peças. “O intuito era o de criar essa empatia, de que eles pudessem ouvir e entender que a roupa é muito mais. De que as pessoas que utilizam essas roupas têm necessidades que precisam ser levadas em consideração pelo designer, desde a concepção até a produção final”, explica a professora Gabriela.
A partir da conversa, os estudantes foram instigados a pensar em alternativas para esse público. Alguns dos pontos abordados no bate-papo têm servido de base para a criação da peça da acadêmica Maria Eduarda Debatin. “Ao ouvir os relatos percebemos o quão necessário é esse assunto e como ele ainda é pouco difundido. Assim, nos instigamos a pesquisar e buscar ideias de roupas que levem em consideração diversas características citadas por eles. Temos em mente alguma peça de roupa muito confortável, nada justa, com costuras leves e sem nada que possa incomodá-los ao vestir”, relata a estudante.
A terapeuta ocupacional, Carla Vanessa Martins, trabalha com autismo há 8 anos e em sua fala com os acadêmicos, destacou a importância de falar sobre o autismo com profissionais de todas as áreas. “O número de autistas tem crescido exponencialmente e acredito que o local onde é possível disseminar informação de qualidade, conhecimento científico sobre essa condição, com certeza é a universidade. As crianças de hoje serão os adolescentes que ingressarão futuramente numa universidade e que também precisarão ser inseridos no mercado de trabalho. Nesse sentido, entendo que o autismo precisa, sim, ser discutido por profissionais de todas as áreas, não apenas os da área da saúde. Parabéns UNIFEBE por desenvolver esse olhar nos estudantes”, complementa a terapeuta.
Com os relatos e informações, os acadêmicos, orientados pela professora Gabriela criarão croquis e protótipos. “Moda é também inclusão e são nesses trabalhos que evidenciamos o papel do designer de moda na sociedade. Com certeza teremos boas ideias como resultado desse lindo projeto”, conclui a coordenadora do curso, professora Jô Rosa.
Confira as fotos do bate-papo: