Cada detalhe reconstitui, com fidelidade, em milímetros e centímetros, uma paisagem ou local. Assim é o diorama, um modo de apresentação artística em 3 dimensões que, diferente de uma maquete arquitetônica tradicional, retrata um ambiente de época ou eventos específicos. Para representar a Belle Époque europeia, na virada do século XIX para o XX, os acadêmicos da 2.ª fase de Arquitetura e Urbanismo utilizaram a técnica de dioramas para apresentar, com detalhes, as minúcias históricas e arquitetônicas do período.
A atividade, desenvolvida nas aulas do componente curricular História da Arte, Arquitetura e Urbanismo II, ministrada pelo professor Francisco Alberto Skorupa, instigou os estudantes a observarem como a composição de ambientes arquitetônicos interiores retrata o modo de pensar, crenças e o padrão estético de uma época. “Eles fizeram uma pesquisa de época para constituir os referenciais para a montagem do diorama. Além disso, a atividade propiciou o aprimoramento da capacidade de observação e arranjo compositivo, bem como a organização e combinação de elementos, relacionando-os não a um gosto pessoal, mas sim a um padrão estético específico de uma época bastante diferente da contemporânea”, acrescenta o professor.
O acadêmico Juliano Alexandre de Oliveira criou um espaço original, baseado na pesquisa de época. Antes de desenvolver o diorama com predomínio de características barrocas, o estudante fez um croqui com referência de palácios e casas francesas. Já no desenvolvimento inicial, Juliano revela que buscou materiais que remetessem à grandiosidade e riqueza de detalhes da época. Para passar os leds para os lustres e arandelas, o acadêmico confeccionou paredes duplas. Já os boiseries das paredes foram feitos individualmente, com pintura manual para retratar o dourado do ouro, assim como os castiçais e vasos que imitam porcelana.
“Ao desenvolver o diorama, percebi, enquanto estudava e observava as construções daquela época, o quanto os arquitetos e artistas criavam magníficas construções com bem menos tecnologia do que temos hoje em dia. Que trabalhos como este nos sirvam de inspiração para criar e utilizar os recursos que temos atualmente a favor de uma arquitetura ainda mais artística e inovadora”, complementa o acadêmico.
Metodologias ativas, como a criação de dioramas, desempenham um papel crucial na formação de arquitetos e urbanistas ao integrar teoria e prática em um processo criativo e reflexivo, destaca o coordenador do curso, professor Marcelius Oliveira de Aguiar. “Inspiradas pelo conceito de learning by doing, defendido por Walter Gropius na Bauhaus, essas práticas envolvem os estudantes em um mergulho profundo na história e no contexto sociocultural de diferentes períodos, desenvolvendo habilidades analíticas e criativas. Além de promover o domínio técnico, essas metodologias reforçam o senso crítico dos estudantes, alinhando-se à visão de Sérgio Ferro de que a arquitetura deve interpretar o mundo para transformá-lo. Ao vivenciarem as etapas, como pesquisa, concepção e execução, os acadêmicos desenvolvem uma consciência mais profunda sobre o papel do arquiteto como criador e intérprete do espaço. Atividades como essas, baseadas no aprendizado experiencial descrito por David Kolb, preparam os futuros profissionais para lidar com os desafios contemporâneos, conciliando inovação e respeito à tradição arquitetônica”, conclui o coordenador.
Confira algumas fotos dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes: