Nas vestes, expostas no Átrio do Bloco A da UNIFEBE, é possível voltar no tempo e reviver a chegada do primeiro grupo de imigrantes de língua italiana. A mostra “Pelos fios da história: 150 anos da grande imigração italiana em Santa Catarina, retratada pela reprodução da cultura do vestir dos imigrantes”, reconstrói nas roupas os primeiros passos de um povo que atravessou o oceano em busca de um novo futuro.
Resultado das pesquisas bibliográficas e de campo coordenadas pela reitora da instituição e coordenadora do Grupo de Pesquisa HiMPaC – História, Memória e Patrimônio Cultural, professora Rosemari Glatz, a exposição é fruto de um trabalho minucioso, realizado por meio de visitas a museus etnográficos na Itália e análise técnica de peças originais, do período de 1850 a 1900. Confeccionados em parceria com o curso de Design de Moda da instituição, por meio do Composé – Escritório de Moda e Vestuário, os trajes respeitam as modelagens, os tecidos e os detalhes das vestimentas populares da época. A reconstrução das peças foi feita com base em documentação histórica, iconográfica e registros de acervo.
No lançamento da exposição, a coordenadora do curso de Design de Moda da UNIFEBE, professora Jô Rosa, destacou o quanto cada elemento foi pensado para despertar a emoção dos espectadores. “O fazer acadêmico se entrelaça com o fazer artístico, e ambos se colocam a serviço da memória. Cada elemento desta exposição foi pensado como um elo entre o passado e o presente. Ao percorrer esse espaço, somos convidados a sentir o peso das malas, a ouvir o som das despedidas, a imaginar os olhos marejados de quem partia e os braços abertos de quem chegava. Ao revisitarmos essas histórias, revisitamos também nossas origens, nossas identidades e compreendemos que a história da imigração italiana em Santa Catarina é uma presença viva, que pulsa em nossas comunidades, em nossas tradições e, agora, também nesse gesto coletivo de memória e criação”.
A exposição integra as comemorações do sesquicentenário e visa resgatar e valorizar a memória cultural dos imigrantes italianos, que contribuíram para a formação social, étnica e econômica de todo o estado de Santa Catarina. A escolha da data não se deu ao acaso, revelou a reitora da UNIFEBE. “Foi cuidadosamente definida, pois, dia 4 de junho, completam-se 150 anos desde a chegada dos primeiros imigrantes de fala italiana na então Colônia Itajaí-Brusque e Príncipe Dom Pedro. Esta é uma mostra inédita que reproduz fielmente os trajes pesquisados de quatro regiões da Itália e ela só foi possível graças ao investimento institucional, pois é uma exposição que não recebeu qualquer fomento”, revelou a idealizadora.
A Pesquisa
Para reconstruir os trajes, o grupo de Pesquisa da UNIFEBE realizou uma pesquisa de campo em quatro museus na Itália, que preservam as roupas das regiões de onde partiu a grande massa de imigrantes que se estabeleceram em Santa Catarina. Os pesquisadores visitaram, em 2024, o Museu da Civilização Romana, em Roma; Museu Etnográfico San Michele Trentino, em Trento; Museu Têxtil e do Traje Palazzo Mocenigo, em Veneza, e o Museu Cívico de Palazzo Chiericati, em Vicenza, onde puderam fotografar e filmar as vestimentas tradicionais de cada região, obedecendo ao recorte histórico de 1850 a 1900, período da grande imigração para o estado. Na exposição, é possível visualizar roupas comuns utilizadas por aqueles que, na época, emigraram daquelas regiões.
Na mostra Pelos Fios da História, a UNIFEBE apresenta três trajes femininos e três masculinos dos imigrantes Pieve di Ledro, Cles e Condino, todos do Trentino-Alto Ádige, da região de Trento. Já do Vêneto, a exposição conta com um traje masculino e um feminino, que reproduz a cultura do vestir dos imigrantes que vieram da região de Veneza, Verona e Vicenza. O traje masculino e o outro feminino de Brianza são a mostra da Lombardia. Por fim, um traje feminino e um masculino reproduzem a vestimenta dos imigrantes que vieram da região de Turim, no Piemonte. O vestuário de Turim é todo permeado pelo luxo, então esta reprodução foi a única bordada à mão. Completam a exposição os calçados, primorosamente confeccionados pelo professor do curso de Design de Moda, Jerônimo Tridapalli.
“Quero agradecer e parabenizar os professores, equipe técnica e todos os que se envolveram direta ou indiretamente para que este momento fosse vivido, e para que esta experiência de ensino, pesquisa e extensão se tornasse palpável para toda a comunidade. Então, apreciem sem moderação”, completou a reitora. A exposição segue aberta à visitação até o dia 25 de junho, no Átrio do Bloco A.