Um artigo produzido por três acadêmicas do curso de Psicologia da UNIFEBE esteve entre as apresentações do III Congresso Internacional de Boas Práticas em Saúde Mental, em Curitiba, Paraná. O evento, organizado pelo Centro Educacional Novas Abordagens Terapêuticas (Cenat), contou com a participação de profissionais da saúde mental de diferentes regiões do Brasil e do exterior.
A participação da UNIFEBE foi com o artigo científico “Carolina Maria de Jesus: O caminho entre a pobreza e a saúde mental de mulheres pretas”. O material foi produzido pelas acadêmicas Juliana Machado da Silva, Paulina Marchi e Caroline da Silva Leite, sob orientação do professor Gustavo Angeli.
A experiência, como relata a acadêmica Juliana Machado da Silva, teve reflexos acadêmicos e pessoais. Ela afirma ter ficado orgulhosa com a possibilidade de participação no evento e, principalmente, de trabalhar o tema e colaborar com a disseminação da história e trabalho da escritora.
“Ver o nosso artigo sendo valorizado e debatido por profissionais de diferentes países e regiões brasileiras reafirmou o orgulho que sinto em ser uma mulher preta na universidade, pesquisando e dando visibilidade à luta e à resistência de outras mulheres como eu”, relata a acadêmica.
O evento é considerado uma referência no debate da saúde mental pela coordenadora do curso de Psicologia da UNIFEBE, professora Andreia Martins. Ela reforça a importância do tema escolhido pelas acadêmicas, que considera “extremamente necessário” na atualidade.
“Carolina Maria de Jesus foi uma das mais importantes escritoras negras da história da literatura brasileira, especialmente, por retratar a vida nas favelas. Esse artigo demonstra, principalmente, o quanto a Psicologia está envolvida nos debates com as minorias e a saúde mental em todo esse processo.
Sensibilização
O professor Gustavo Angeli afirma que a escolha da escritora como objeto de estudo permite ao leitor acessar e problematizar um universo abordado na literatura, de maneira a revisitar as teorias e sensibilizar sobre os temas. As características, indica, são ferramentas valiosas para a Psicologia, além do entendimento sobre como outras áreas influenciam nas práticas da profissão.
“Essa sensibilidade numa escrita que nos transporta para um universo no qual, no cotidiano, no dia a dia, nisso que é mais comum, ela vai desconstruindo uma naturalização em torno da violência, do preconceito, do racismo que existe ao longo da sua história, que existiu do começo ao fim dessa história, infelizmente”, avalia o professor. “Ela é muito sensível em recortes muito pontuais do cotidiano, que nos mostram a violência que opera, que fica institucionalizada, naturalizada e que perpetuamos um lugar de produção de sofrimento humano sem nos darmos conta. Ela é brilhante em relatar seu dia a dia”.
O orientador afirma ter ficado feliz pela escolha e espaço aberto para o tipo de trabalho produzido e salienta a conexão do material com os debates nacionais da Psicologia. “Faz com que revisitemos os nossos conceitos, nosso manejo clínico, contato com a comunidade com essas provocações, que fazem questionar a nossa posição diante de uma sociedade e de um sujeito, das violências que estão tão naturalizadas”, afirma.
