Inspirados nas ideias sustentáveis de reaproveitamento de materiais para outros ciclos produtivos da indústria, os acadêmicos de Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica do Centro Universitário de Brusque (UNIFEBE), desenvolveram durante a Jornada de Curricularização da Extensão um manual para implantar a logística reversa de embalagens plásticas e tubetes de papelão, na empresa Giracor Tinturaria de Malhas.
Para formular os procedimentos, os estudantes conheceram a problemática da indústria, que recebe a malha crua, tinge, enrola em canudos de papelão e embala em um plástico para ser comercializada. Ao chegar ao cliente, as embalagens plásticas e tubetes de papelão são descartados, gerando uma produção de lixo que poderia ser reciclado. Foi pensando em viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em outros ciclos produtivos ou para destinação final ambientalmente adequada, que os estudantes sugeriram a implantação da logística reversa.
No manual, os acadêmicos se propuseram a encontrar parceiros no setor de reciclagem que se comprometessem em recolher os materiais descartados pelos clientes. Em Santa Catarina, por exemplo, a empresa aproveitaria o serviço de entrega para retornar à sede os plásticos e canudos de papelão. Para esse procedimento, os estudantes contataram três empresas de reciclagem interessadas na parceria.
Já fora do estado, a ideia é que a Giracor converse com o cliente, propondo que ele se responsabilize pela coleta e destinação correta do material reciclável, e em troca receba um desconto no valor de sua próxima compra com a tinturaria. Para essa parceria, os estudantes contataram 12 empresas de fora de Santa Catarina e enviaram a relação dos interessados para a análise da Giracor.
Para a acadêmica da 1ª fase de Engenharia de Produção, Mariah Boratti, a atividade permitiu que os estudantes conhecessem questões específicas do mercado de trabalho. “Trabalhamos com uma questão real que as indústrias enfrentam no seu dia a dia, e com os conhecimentos adquiridos em sala de aula, somados à nossa criatividade, sugerimos soluções para essas demandas”, destaca Mariah.
O acadêmico de Engenharia Mecânica, Charles Duarte, enfatiza que como futuros engenheiros é um diferencial se manter atualizado às adequações do mercado de trabalho. “Cada vez mais a sociedade tem exigido da indústria um posicionamento sobre questões ambientais. Nesse sentido que precisamos estar atentos, sempre pensando em soluções que beneficiem as empresas, mas principalmente, a sociedade como um todo”, pontua Charles.
Além de auxiliar a indústria no processo de logística reversa, o intuito dos acadêmicos com o projeto de Curricularização da Extensão é contribuir para a conservação do meio ambiente, reduzindo a emissão de gases tóxicos.
Curricularização da Extensão
Constituída por meio da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018, pelo Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Superior, o documento que estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira, regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014- 2024.
De acordo com a resolução, a Extensão deve se integrar à matriz curricular dos cursos e promover a interação entre as instituições de ensino e a sociedade, por meio da troca de conhecimentos, cultura e diálogo. As atividades devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular. Essa determinação começou a ser implantada pela UNIFEBE no primeiro semestre de 2020, com as primeiras fases de todos os cursos de Graduação. Neste semestre, estudantes da 1ª e 3ª fase participaram das intervenções.
O pró-reitor de Graduação e de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura interino da UNIFEBE, professor Sidnei Gripa, explica que a Curricularização da Extensão integra a formação acadêmica dos estudantes, promovendo intervenções que estimulam a construção e o desenvolvimento do aluno como cidadão.
Por meio de projetos, programas, cursos, oficinas, eventos e até prestação de serviços, a Curricularização da Extensão articula ensino, pesquisa e extensão de modo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico e tecnológico. “O estudante se envolve diretamente com a comunidade com ações que estão vinculadas à sua formação universitária, de modo a viabilizar um diálogo construtivo e transformador entre a universidade e a sociedade”, destaca Gripa.
As atividades desenvolvidas presencialmente, neste semestre, seguiram todos os protocolos de segurança em saúde.